Governo responde a “mensalão” com bem-estar social
A mega produção do julgamento do mensalão e a chuva de “más notícias”
sobre a economia vêm dominando há meses o noticiário. A primeira
atração pretende condenar criminalmente os oito anos do governo Lula e o
Partido dos Trabalhadores inteiro; a segunda, pretende convencer os
brasileiros de que a economia do país vai de mal a pior.
Por meses a fio, a oposição ao governo federal, como ocorre há quase
uma década, recebeu o apoio dos maiores meios de comunicação do pais à
sua estratégia descrita no parágrafo anterior, estratégia que sucedeu a
pressão oposicionista-midiática por demissão de ministros e as marchas
“contra a corrupção” que vigeram no ano passado.
Em 2011, chegou a ocorrer como que uma capitulação do governo Dilma
Rousseff diante de uma nova modalidade de ataque oposicionista-midiático
aparentemente diferente da guerra desencadeada contra o governo Lula,
mas que, em essência, era igual.
Nesse novo modelo, a presidente foi preservada de ataques diretos e
os alvos foram o governo Lula (do qual ela participou em destaque) e a
montagem que fez de seu próprio governo, pois cada ministro demitido no
ano passado foi nomeado por ela, sendo a tese da “faxina” mera tentativa
de convencer a matreira presidente da República de que um ataque a
beneficiária, o que revelou desprezo por sua inteligência.
Entre o fim do ano passado e o começo deste ano, Dilma pôs um fim à
capitulação diante dos sucessivos ataques aos ministros, que, muitas
vezes, perderam o cargo sem qualquer razão, como no caso do ex-ministro
do Esporte Orlando Silva, demitido sob acusações sem provas e
posteriormente inocentado em todas as investigações.
Quando a artilharia chegou ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio, Fernando Pimentel, possivelmente o ministro mais próximo de
si, Dilma pôs o pé na porta e as pressões acabaram, ainda que tenham
restado elucubrações sobre as quedas de ministros que ela teria
permitido por ter desejado.
2012, porém, marcou a reação de um governo que já começava a
enfraquecer de tanto ceder a pressões. Dilma iniciou o ano visivelmente
decidida a mostrar que estava no controle e que seu governo tinha um
plano. Ao esfriamento da economia, desde então vem atuando no sentido de
aquecê-la e de aliviar a vida da população.
O primeiro grande lance foi colocar os bancos públicos para liderarem
uma queda generalizada dos juros ao consumidor e às empresas. O
ineditismo da medida na história recente do país pegou oposição e mídia
de surpresa. Em um primeiro momento, esses agentes aliaram-se aos bancos
contra a iniciativa do governo federal.
Não tardou para bancos, mídia e oposição entenderem o que se previu
nesta página que ocorreria, que a presidente daria um salto em termos de
popularidade, o que de fato ocorreu, fazendo com que alcançasse
praticamente o mesmo patamar que Lula tinha ao deixar o governo. As
críticas, diante do apoio popular, emudeceram.
A essas medidas contrárias aos interesses dos bancos – que a
presidente foi à televisão anunciar assim como fez ontem – somaram-se
outras de indiscutível apelo popular e, o que é melhor, à prova de
acusações de “populismo”, pois não é moleza defender os setores da
economia líderes de reclamações às entidades de defesa do consumidor.
Telefonia e planos de saúde também entraram na mira do governo, sendo
penalizados com suspensão de captação de clientes e obrigados a
apresentar planos de investimentos para resolver os problemas geradores
de queixas.
Paralelamente à defesa decidida dos interesses dos consumidores, o
governo apresentou um poderoso plano de investimentos em infraestrutura
que chega à casa da centena de bilhões de reais, uma quantidade de
recursos que pouquíssimos países têm condição de investir hoje, o que
vai revelando a solidez da economia brasileira.
Na última quinta-feira, Dilma respondeu ao recrudescimento
exponencial da artilharia oposicionista-midiática contra si e contra o
PT, baseada, exclusivamente, em um moralismo tão hipócrita que viu
lideranças de partidos envolvidos até o pescoço em escândalos de
corrupção apontarem o dedo para o partido do governo.
À maior artilharia, a presidente usou uma bomba: anunciou redução de
gastos do consumidor e das empresas com energia, começando pela energia
elétrica. Não é brincadeira o que Dilma anunciou. 16% para residências e
28% para indústrias serão sentidos diretamente no bolso de todos.
É imprevisível o impacto que isso terá sobretudo no setor industrial,
mas será grande. O consumo de energia é um dos grandes custos desse
setor. A medida, inclusive, tornará os produtos brasileiros mais
competitivos.
Reduzir o custo da energia nesse nível é medida ainda mais popular do
que pôr bancos públicos para liderarem queda de juros. No caso dos
juros, a redução é lenta e não atinge o público de forma homogênea, pois
beneficia mais os menos endividados e mais ricos, que, certamente,
estão tendo acesso às melhores taxas. No caso da conta de luz, o alcance
é estrondoso.
E para quem, como eu, reclamou de revide político, no mesmo
pronunciamento em que deu tal presente à população a presidente ainda
atacou, de novo, aquele que tentou atingi-la atacando seu padrinho
político. Ao criticar a “privatização” que era feita “no passado”, Dilma
concluiu a resposta que acaba de dar ao ataque de Fernando Henrique
Cardoso a Lula.
O lance da última quinta-feira explica a política brasileira no novo
milênio. Uma oposição perdida, sem propostas, usa a mídia – ou por ela é
usada – para oferecer à população moralismo de quinta, pessimismo e
hipocrisia. E zero de propostas. A isso, Dilma responde com
desenvolvimento e bem-estar social.
Em sua opinião, leitor, quem irá vencer esse embate?
(Extraído do Blog Cidadania, em 07/09/12)